Exposição Internacional do Centenário de 1876
D. Pedro II divulgou produtos brasileiros nos EUA
As exposições universais que se realizaram na segunda metade do século XIX tiveram um caráter de feira de mercadorias, um mostruário de novidades. Uma das maiores da época foi a Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia, em 1876, com grande participação do Brasil, nas figuras do Imperador Dom Pedro II e dos Barões do Café.
Visitando a Exposição do Centenário junto ao Presidente Ulysses Grant, o Imperador Dom Pedro II vislumbrou possibilidades para as duas nações durante os difíceis períodos de transição. Como líderes nas Américas, eles enfrentaram desafios semelhantes de governar diversos povos em um território expansivo, lidando com legados e fardos da escravidão, e estabelecendo uma identidade nacional distinta e unificada. Os dois países estavam em situações distintas: os Estados Unidos com sua democracia se recuperando de uma devastadora guerra civil e as dificuldades da reconstrução, e o Brasil, uma monarquia constitucional, segurando os últimos vestígios da escravidão.
O encontro entre o presidente e o imperador no dia da abertura da exposição ofereceu a entrada para explorar os desejos compartilhados e as distintas reivindicações de modernidade dos Estados Unidos e do Brasil, como nações das Américas à beira da mudança. Nas próximas décadas, as reformas dos sistemas políticos e das estruturas trabalhistas em ambos os países facilitariam a adoção do capitalismo industrial em vários graus, à medida que o hemisfério se tornava, cada vez mais, um centro de capital.

D. Pedro II, Imperador do Brasil, e Ulisses S. Grant, presidente dos EUA, acionam a máquina a vapor Corliss no 1º dia da Exposição do Centenário da Independência dos EUA. Era um motor de feixe rotativo, especialmente construído que alimentava praticamente todos os equipamentos da exposição, por meio de eixos que totalizavam mais de uma milha de extensão.
O layout e os eventos da exposição na Filadélfia sugeriam essa mudança no poder geopolítico e econômico, dada a proeminência dos Estados Unidos, a nação anfitriã, e do Brasil, com seus elaborados pavilhões. A exposição permitiu que cada país mostrasse suas características definidoras ao traduzir visões acuradas de identidade nacional e potencial econômico para um público estrangeiro.
Dom Pedro II acreditava que o Brasil poderia ganhar visibilidade como um país moderno a partir de sua atuação nas exposições universais, levando-o a participar de preparativos de comissões e eventos do dia de abertura. O Brasil se mostrou moderno ao apresentar recursos naturais ao lado de desenvolvimentos na indústria, na ciência e nas artes. O imperador e as elites quiseram apresentar o Brasil como algo mais do que simplesmente exótico, e com isso em mente colocaram em primeiro plano o potencial de suas matérias-primas e commodities. O Brasil teve inscrições em todas as áreas da Mostra do Centenário: mineração e metalurgia, manufatura, educação e ciência, arte, maquinário, agricultura e horticultura.

Mostruario com diversos produtos brasileiros: matérias-primas, commodities e manufaturados, num ambiente em estilo oriental.

Dentre a diversidade apresentada, destaque para a indústria brasileira da seda, com setor próprio.

Decorado com mechas e fibras de algodão, este stand do Brasil chamou muito a atenção dos visitantes.
Houve grande esforço por parte do Estado em divulgar a superioridade do café brasileiro, que era na época o principal produto de exportação do país. Esse esforço da propaganda imperial teve o apoio dos grandes barões do café, que compareceram à Exposição nos Estados Unidos com o objetivo de vender seus produtos, além de divulgar a história e a cultura da nação. Entre os aristocratas que compareceram, se destacam o Barão do Rio Bonito e o Barão do Guararema, da família dos Souza Breves.

Um dos pavilhões de maior evidência foi o "Caffé do Brazil", financiando pelo Barão de Juparanã e pelo fazendeiro Luiz de Sousa Breves.
No dia 4 de julho de 1876, comemoração do centenário da independência americana, o que se ouviu foram acordes brasileiros: um hino composto por Antônio Carlos Gomes especialmente para a data. A homenagem encomendada por Dom Pedro II causou o impacto esperado. A imprensa norte-americana, que batizou Dom Pedro II de "Imperador Ianque", descreveu o hino do maestro brasileiro assim: "A saudação do Brasil à pátria norte-americana foi uma das mais deliciosas peças já tocadas. O Imperador compareceu ao concerto em Filadélfia , onde foi interpretado o hino de Carlos Gomes com agrado do público e da crítica."

O hino composto por Antônio Carlos Gomes a pedido de Dom Pedro II foi tocado na Exposição Centenário da Independência dos Estados Unidos, em 1876, na Filadélfia. "Almocei [no hotel] e fui para a festa. Que calor! O hino de Carlos Gomes não se ouvia quase pela distância e bulha do povo”, escreveu Pedro II em seu diário. Ele havia presenteado o presidente americano Ulysses Grant com uma partitura do hino”.
Admirador de George Washington e Abraham Lincoln, Dom Pedro II visitou os Estados Unidos em 1876 para se juntar ao presidente Ulysses S. Grant (1822-1885) na abertura da Exposição do Centenário, a maior feira do mundo até então. Durante a exposição, o imperador conheceu o jovem Alexander Graham Bell (1847-1922), que estava demonstrando sua nova invenção – o telefone.

O enorme pavilhão principal do Brasil se destacava pelo tamanho e pela riqueza dos detalhes arquitetônicos.
Sua visita chamou muita atenção por ter sido o primeiro monarca a colocar os pés nos Estados Unidos. Sua viagem ganhou grande cobertura da imprensa de lá, desde que embarcou num navio no Rio de Janeiro. Ao todo, Dom Pedro II ficou três meses no país, percorrendo vinte e dois estados.
A American Geographical Society organizou uma reunião especial, nomeando D. Pedro II como membro honorário. Na saudação, Bayard Taylor afirmou:
"Nunca esteve entre nós um estrangeiro que, após três meses de permanência, pareça ao povo americano tão pouco estrangeiro e tão amigo quanto D. Pedro II."
Um jornal americano considerou que "Nenhum governante, de nenhum país, tanto como homem quanto como governante, jamais teve tantos méritos diante dos Estados Unidos quanto D. Pedro II."

O pavilhão brasileiro e visitantes na Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos, na Filadélfia, na visão do artista.
Fonte do texto e imagens:
Brazil Imperial
Visitantes: