Campus de Cornélio Procópio
Cornélio Procópio, 22 de agosto de 2022
"Nossas histórias: de gente, de bichos, de coisas"
é nosso e-book destaque de agosto

Para atender a uma de suas funções sociais, a UENP disponibiliza livros – alguns de suas próprias produções científicas, outras de cunho literário nacional – para download gratuito. São títulos abrangentes, que procuram despertar o interesse do leitor nas áreas educativa, literária, histórica e documental.

O destaque do mês de agosto

Livro de histórias para crianças, ilustrado, com um aspecto moral em destaque, "Nossas histórias: de gente, de bichos, de coisas" é resultado de um projeto desenvolvido pelos departamentos de Letras e de Educação, na disciplina de Leitura e Produção de Texto. Um item do conteúdo programático foi escolhido para que propiciasse aos acadêmicos um contato maior com a linguagem escrita. O livro, publicado pela UENP em 2006, reúne contos vividos por pessoas, animais, objetos, ou seja, os seres que povoam o fértil imaginário infantil. São textos direcionados a alunos de 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental, com os quais os alunos do 1º ano de Pedagogia procuraram proporcionar aos pequenos leitores momentos de prazer, estimulando ao mesmo tempo sua imaginação e desenvolvendo neles o gosto pela leitura, elemento imprescindível ao domínio da linguagem e ao crescimento cultural de nossas crianças.

Nossas histórias: de gente, de bichos, de coisas, Elvira Ferreira de Sá (Coord.), UENP

O livro "Nossas histórias: de gente, de bichos, de coisas" é resultado do trabalho da professora de Português Elvira Ferreira de Sá junto às acadêmicas do 1º ano de Pedagogia da UENP, campus Cornélio Procópio.

"O texto que você vai ler agora fala um pouco sobre tudo que você sentiu e sabe-se lá se a professora, quando era pequenininha, assim deste tamanho, não sentiu a mesma coisa, hein?" Será? Vamos conferir...

P.S.: Este livro está disponível para download gratuito aqui, na Estante Digital da UENP.

O cachorro e o burro

Na fazenda viviam muitos bichos: patos, porcos, galinhas, além de um cachorro e um burro. O cachorro era de cor preta, com as quatro patas brancas, de porte médio e atendia pelo nome de Ventania. Era muito veloz, por isso foi-lhe dado esse nome. Ventania era um cão dócil, obediente e amado por todos os moradores da fazenda. Quando pequeno, mamava na mamadeira, pois sua mãe não tinha leite suficiente para sustentá-lo. O burro era marrom, tinha as patas brancas e se chamava Frederico. Era um burrinho bonito, esperto e valente, mas também preguiçoso e resmungão.

A fazenda onde Ventania e Frederico moravam era muito grande. Nela havia um enorme casarão, onde vivia o dono. Uma varanda cheia de vasos de flores circundava a casa. Por toda parte, muito verde, muitos riachos, borboletas, flores coloridas, perfume e cor. Tudo isso fazia da propriedade um ambiente muito agradável.

O dono da fazenda se chamava Jorge: alto, muito jovem, de olhos pretos e grandes, muito trabalhador, mas solitário, pois não tinha família. Tinha a pele queimada, de tanto trabalhar debaixo de sol e chuva, para ter como recompensa essa maravilha de fazenda.

Tanto o burro como o cachorro Ventania esperavam ansiosamente a hora em que o dono voltava do trabalho, mas, quando ele chegava, somente o cachorro corria para lhe fazer festa. Jorge correspondia a essa demonstração de carinho, passando a mão na cabeça do seu fiel amigo. Ventania era muito querido e privilegiado, até dormia dentro de casa. O burro Frederico tinha ciúmes do cachorro e, assistindo à cena, pensava com tristeza:

- Meu dono não liga para mim! Ele só gosta do cachorro.

Um dia, querendo receber carinho, o burro ficou à espera do dono. Quando Jorge chegou, o burro relinchou festivamente e, para imitar o cão, ergueu as patas. O que aconteceu foi um desastre: desajeitado, ele acabou derrubando o dono no chão. Surpreso e aborrecido com o que havia acontecido, ordenou a seus empregados que amarrassem o burro na cerca. E ficou pensando:

- Afinal, o que deu nesse bicho? Ficou louco? Está achando que é cachorro?

O burro Frederico ficou triste e chateado, e jurou se vingar.

No dia seguinte, o fazendeiro precisou do burro Frederico para levar cestos de verdura a um mercado bem longe da fazenda. Aproximando-se do animal, disse-lhe para consolá-lo:

- Meu amigo, um burro é um burro e um cão é um cão. Cada um serve para o que foi feito: o cão para vigiar, o burro para carregar. Cada qual é o que é. Não se pode forçar a própria natureza.

Arrumou uma cesta de lanche, com pão, salame e muitas frutas para comer no caminho, e lá se foram os três: Jorge, o cachorro Ventania e o burro Frederico, rumo ao mercado para vender as verduras e comprar as coisas necessárias à fazenda.

O dia estava luminoso e belo, era verão e fazia muito calor. A distância era grande e o fazendeiro achou uma boa idéia aproveitar o frescor de um riacho próximo para descansar. Deitou-se à sombra de uma frondosa árvore e minutos depois dormia profundamente.

O burro, aproveitando a fartura de capim daquele campo, começou a comer sossegadamente, sem nada que o preocupasse, e assim várias horas se passaram. Quando o cachorro sentiu fome, dirigiu-se ao burro e disse-lhe:

- Abaixe-se um instante, para que eu possa tirar meu almoço da sela.

O burro, irritado, respondeu:

- Meu querido amigo, tenha paciência! Você não espera que eu deixe de comer para dar atenção a você! Deixe-me em paz! Quando nosso dono acordar, você terá sua comida.

O Cachorro e o Burro

E continuou a comer tranqüilamente o seu capim verde e apetitoso. Após encher a barriga de capim, o burro Frederico dirigiu-se a um riacho para beber aquela gostosa água fresca. E pensava: "Estou vingado". Era isso mesmo que desejava: deixar o cachorro Ventania com muita fome. O infeliz insistiu várias vezes, mas o burro Frederico não lhe dava a menor atenção. Ventania, desanimado e faminto, acomodou-se ao lado do seu dono, pois sabia que o burro Frederico era um animal estranho e egoísta que só pensava nele próprio.

De repente, um barulho estranho: um lobo faminto, com olhos grandes e avermelhados, apareceu e correu em direção ao burro. Frederico, morrendo de medo, começou a suar e a tremer, e gritou para Ventania:

- So... socorro, me ajude! Acorde o fazendeiro, o nosso dono, que o lobo está chegando!

O cachorro, ainda magoado porque o burro não o havia ajudado a alcançar sua comida, respondeu-lhe:

- Meu egoísta amigo, vou despertar nosso dono para que ele o defenda. Se eu fizesse pouco caso do seu problema, assim como fez comigo, rapidamente você seria o lanche do lobo, pois parece que ele está com muita fome, você não acha?

O burro nem respondeu, porque estava com muito medo. Então Ventania chegou perto do seu dono, começou a latir e a puxar suas calças com os dentes até acordá-lo. Juntos conseguiram afugentar o faminto lobo que, assustado com os tiros do revólver do fazendeiro, fugiu desabalado. O burro, ainda muito assustado, não parava de tremer um só instante. Mais calmos, o fazendeiro e o cachorro sentaram-se á sombra de uma árvore, comeram o lanche e as frutas que estavam no cesto, e seguiram viagem. Após entregar os cestos de verduras no mercado e comprar as coisas de que precisava, o fazendeiro voltou para casa, acompanhado pelos dois animais.

Já na fazenda, o burro Frederico, agradecido e envergonhado de seu egoísmo, pediu perdão ao cão pelo seu comportamento anterior:

- Quero lhe pedir desculpas, meu amigo Ventania. Fui mau e egoísta, e mesmo assim você me ajudou.

O cão, que não era de guardar mágoas, alegremente desculpou-o. E o burro Frederico compreendeu finalmente que na vida é preciso ajudar os demais, porque sempre necessitamos uns dos outros. Daquele dia em diante, a paz reinou na fazenda!
 

MORAL DA HISTÓRIA
Devemos fazer o bem sem olhar a quem.

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