Os fundadores da imprensa procopense (II)
A vocação dos Villas Bôas, uma família pioneira
Nesta segunda parte da história da família Villas Boas na imprensa interiorana, vamos discorrer dos primórdios do patriarca Antônio, nas cidades de Monte Alto e Taquaritinga, onde atuou de 1922 a 1936, até o pioneirismo em Cornélio Procópio.
A trajetória jornalística de Antônio Manoel Villas Bôas
Monte Alto – A lida na imprensa, vocação inata da família, começou faz um século, em Monte Alto, com a revista "A Nota", por ele fundada em novembro de 1922 e sob sua direção, o que nos permite afirmar que no ano da Semana da Arte Moderna, ocorrida em fevereiro de 1922, a família Villas Bôas já dirigia seu primeiro veículo jornalístico. Em 15 de novembro de 1923, a edição de nº 17 comemorava seu primeiro aniversário. Em 1925, como proprietário da Typographia Modelo, passa a confeccionar os impressos comerciais da revista "A Nota".
Em 12 de maio de 1929, Seu Antônio começou a publicação do jornal "O Pharol" – Periódico Noticioso e Humorístico –, tendo como diretor M. Soares, e já no dia 24 lançava o periódico mensal "A Semana" – Órgão Independente e Noticioso –, sob a direção de sua filha Maria José (Zezinha), cuja sede ficava na Rua do Commércio, 51. Ambos os noticiosos eram impressos na Typographia Modelo, e foram publicados até 1936.
Seu primeiro noticioso, "A Nota", foi publicado em 1922, e impresso na Typographia Modelo, em Monte Alto, estado de São Paulo.
Os primeiros empreendimentos jornalísticos – "A Nota", "O Pharol" e "A Semana" – foram realizados na cidade paulista de Monte Alto.
Taquaritinga – Mudando-se para a vizinha Taquaritinga, em 1936, foi proprietário da Gráfica Paulista.
No mesmo ano, Seu Antônio começou a publicar o jornal "A Tribuna" – Bissemanário Independente e Noticioso – que funcionou ininterruptamente até 1942), impresso em sua gráfica, tendo como diretor responsável Francisco Perissionotti. Em 1941, passou a ser diretor-redator seu filho Nicolau. Em maio de 1942, Nicolau tornou-se proprietário e diretor, mas, no mês seguinte, Antônio Villas Bôas e sua família vieram, de mala e cuia, de mudança para o Paraná, em busca de novos horizonte e oportunidades. 
Rua Francisco Junqueira, mais tarde denominada Av. XV de Novembro, no início da década de 1940, recebendo "iluminação" elétrica.
Cornélio Procópio - Em 1938, Maria José (Zezinha), irmã mais velha de Nicolau Villas Bôas, após matrimônio com Pedro Mariucci, em setembro daquele ano na cidade de Taquaritinga, para acompanhar o marido, viera residir em Cornélio Procópio, onde a família de Pedro já estava radicada havia alguns anos. Com ela também veio seu irmão Carlos.
Em 29 de junho de 1942, numa fria noite de inverno, Antônio Villas Boas e sua esposa, Hermida Bérgamo Villas Bôas, procedentes de Taquaritinga, chegavam a C. Procópio, juntamente com os filhos, Nicolau, Inês, Luiz e José Alberto. Seu irmão, Carlos, viera antes. No ano seguinte, chegou outro irmão, Antônio (Tonicão), gráfico de profissão. Num caminhão Dodge, trouxeram alguns móveis e pertences, e como não poderia deixar de ser, máquinas tipográficas: prensas, caixas com tipos, impressora e guilhotina.
"A TRIBUNA" - ÓRGÃO PIONEIRO NO MUNICÍPIO
Antônio e seu filho Nicolau fundaram, em 25 de outubro de 1942, "A Tribuna" de Cornélio Procópio – Tudo pelo Brasil, Unido e Forte – o primeiro jornal da região norte do Paraná, com Nicolau responsável pela direção e Gastão Vieira de Alencar como redator-chefe, para registrar e divulgar os acontecimentos do município criado apenas quatro nos antes, em 1938. Seu lema refletia o sentimento patriótico de um Brasil que assistia à Segunda Guerra Mundial que assolava a Europa.
Assentamento em Cartório de Registro de Imóveis do jornal "A Tribuna", em cumprimento ao exigido por decreto federal, efetuado em 21 de outubro de 1942.
Aqui era impresso o jornal "A Tribuna", nesta construção de madeira; Antônio Villas Bôas está na porta à esquerda; na extrema direita, Nicolau Villas Bôas.
O jornal funcionou inicialmente na Rua Marechal Deodoro, 105, sendo impresso no Estabelecimento Gráfico "A Tribuna", de Antônio Villas Bôas. Posteriormente, mudou-se para a Av. XV de Novembro, 444, já tendo como diretor-proprietário Nicolau Villas Bôas. Dois anos depois, 1944, Annibal M. Corrêa era o redator e gerente, e, em 1946, foram acrescentados ao corpo de redatores, Adlardo da Fonseca Teles e Affonso Lopes da Cruz.
É interessante observar que o jornal "Folha de Londrina" somente surgiria em 1948, ou seja, seis anos depois da imprensa procopense. Cornélio, nessa época, era cognominada de "Pérola do Norte".
Em 10 de abril de 1949, o jornal passou para a posse de Hyder Júlio do Carmo e Romão Lopes Poli Filho, sob a direção de Luiz Villas Bôas. Fizeram parte do corpo redacional, além de Luiz, como colaboradores: Antônio Brunetti, Aquiles Pereira Salerno, Galdino de Almeida, Henrique Müller, Salomão de Oliveira Lomônaco, Ciro Tucunduva, Oswaldo Morais, Paulo Ribeiro Dias, Antônio Villas Bôas Jr., Carlos Villas Bôas, Luiz Villas Bôas, Isaac S. Nicolaiewski, e outros. Este noticioso cumpriu sua função precípua de informar até o final de 1949. (Continua)
Cornélio Procópio, em 1949: primeira quadra (uma antes da Praça Brasil) a receber calçamento. (Foto Prof. Luiz Trajano da Silva)
Baseado em texto de
Antônio Villas Bôas Neto
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